EMEF Prof Renato Rosa - 27/09/2023
Dar minha primeira palestra presencial foi uma experiência que jamais esquecerei. Falar sobre suicídio nunca é uma tarefa fácil, ainda mais dentro do ambiente escolar, mas eu sabia que era necessário.
Voltar à escola onde cresci, onde vivi tantas histórias e comecei a sonhar, foi algo surreal. Confesso que, enquanto caminhava até lá, meu coração estava acelerado, minhas mãos tremiam e, por alguns momentos, pensei que não conseguiria. Reviver aquele espaço trouxe lembranças intensas, boas e ruins, e quase me vi sucumbir à emoção. Mas algo dentro de mim dizia que eu precisava estar ali.
Ao subir para falar, trouxe comigo números e verdades que muitos evitam encarar: uma pessoa se suicida no mundo a cada 40 segundos; no Brasil, são 38 mortes por dia. Esses dados são assustadores, mas o que mais importa é entender que o suicídio é multifatorial. Não existe uma única causa, e nunca é culpa de uma só pessoa. Meu objetivo naquela manhã foi claro: mostrar que prevenir é, acima de tudo, cuidar, prestar atenção aos sinais, mesmo sabendo que nem sempre conseguiremos enxergar todos.
Quando terminei, senti que havia feito a coisa mais incrível da minha vida. Fui ouvida. Minha mensagem chegou aos alunos, àqueles jovens que talvez precisassem exatamente dessas palavras.
Agradeço profundamente à professora Solange, que acreditou em mim e me deu essa oportunidade de voltar e transformar minha história em uma ferramenta de conscientização. À direção da escola, que abriu espaço para esse diálogo tão necessário. À Ana Paula, que esteve ao meu lado, me apoiando em cada instante em que pensei em desistir. E, principalmente, aos alunos que estavam ali, dispostos a ouvir e, quem sabe, mudar algo dentro de si ou ao redor.
Sim, foi difícil. Mas foi também a coisa mais significativa que já fiz. E tenho certeza de que esse foi só o começo.